Soneto aberto sobre a morte

Hoje é dia de festa nesta casa
Festa dos círios e das lamparinas
Um corpo magro sobre a mesa
E a porta de esteira aberta
Para os companheiros
Beatas, terço, cafezinho, estórias

O choro inútil da mulher sozinha
A promessa do céu dos escolhidos
E uma herança de palha e de abandono
Brasileiro do norte, agricultor
Semeou, semeou a vida inteira
Fez o campo florir por tantas vezes
Alimentou mil pássaros vadios

Foi sempre bom
Mas nunca teve sorte
E se vestiu de trapos para a morte

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