Monólogo de Orfeu

MARCUS VINICIUS DA CRUZ DE M. MORAES

O mónologo de orfeu? Sim
Ah, mas claro com prazer ah muito obrigado

Mulher mais adorada! Agora que não estás
Deixa que rompa o meu peito em soluços
Te enrustiste em minha vida
E cada hora que passa é mais por que te amar
A hora derrama o seu óleo de amor em mim
Amada

E sabes de uma coisa?
Cada vez que o sofrimento vem
Essa vontade de estar perto, se longe
Ou estar mais perto se perto
Que é que eu sei? Este sentir-se fraco
O peito extravasado o mel correndo
Essa incapacidade de me sentir mais eu, Orfeu
Tudo isso que é bem capaz
De confundir o espírito de um homem

Nada disso tem importância
Quando tu chegas com essa charla antiga
Esse contentamento, esse corpo
E me dizes essas coisas
Que me dão essa força, esse orgulho de rei

Ah, minha Eurídice
Meu verso, meu silêncio, minha música
Nunca fujas de mim sem ti, sou nada
Sou coisa sem razão, jogada, sou pedra rolada
Orfeu menos Eurídice: coisa incompreensível!
A existência sem ti é como
Olhar para um relógio
Só com o ponteiro dos minutos
Tu és a hora, és o que dá sentido
E direção ao tempo minha amiga mais querida!

Qual mãe, qual pai, qual nada!
A beleza da vida és tu, amada
Milhões amada! Ah! Criatura!
Quem poderia pensar que Orfeu
Orfeu cujo violão é a vida da cidade
E cuja fala, como o vento à flor
Despetala as mulheres que ele
Orfeu ficasse assim rendido
Aos teus encantos?

Mulata, pele escura, dente branco
Vai teu caminho
Que eu vou te seguindo no pensamento
E aqui me deixo rente quando voltares
Pela lua cheia
Para os braços sem fim do teu amigo

Vai tua vida, pássaro contente
Vai tua vida que eu estarei contigo

Curiosidades sobre a música Monólogo de Orfeu de Amália Rodrigues

De quem é a composição da música “Monólogo de Orfeu” de Amália Rodrigues?
A música “Monólogo de Orfeu” de Amália Rodrigues foi composta por MARCUS VINICIUS DA CRUZ DE M. MORAES.

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