Façanhas
Tudo o que sei da vida são as
Minhas mentiras
Minhas verdades
Minha bondade
Minha maldade
Minhas vontades
E desejos
Sonhos e decepções
Conquistas e derrotas
Tudo que me assombra
E me alegra
Bebidas na adega
Na cinta uma adaga
Persa como um tapete
Deitado em um carpete
Vejo que tudo se repete
Um mundo ao inverso
Logo mais um inverno
Quente como o quinto
Vagando no limbo
Com essa Canseira no lombo
Joelho ralado do tombo
Exercitando os brônquios
Escalando montes
Calma oposta
A de um monge
Longe, longe
Equidistante
A vitória é mais uma mentira
Chegamos vitoriosos
Ninguém acredita
Mas quem diria
Quem poderia
Quem poderá
Nos defender de nós mesmos
Crianças correndo no terreno
O que será do nosso futuro
Você procura o que eu procuro?
Correndo no escuro
Não fico em cima do muro
Eu pulo no lago
Mergulho bem fundo
Me livro do medo
Li em um livro
Um livro com enredo
Coisas que eu nunca entendo
Mas vejo, me lembro
De tudo, de todos
Dos poucos, dos vários
Que nunca ligaram
Ou atenderam
As vezes entendo
Eles nunca entenderam
Entediado
Transmuto o meu tempo
Transmito um diálogo
Crio um monólogo
Pra não ser como um acéfalo
Forte como um bufallo
Nobre é o ébano
Atrás do melhor método
Meticuloso
Articulado
Sempre cuidadoso
Bolando uns versos
Contra o estado
Longe de Espíritos fracos
To farto, desde o parto
Que fui programado
Jogado entre ferragens
Cumprindo escalas
Atrás de barganhas
Longe dos meganhas
A vida insana
Essas rimas
São minhas façanhas
Me faça o favor
Desencana
Desenrolo
O que posso
Penso no faço
No que devo
Quero oque é meu por direito
Façamos melhor
Esse mundo imperfeito
Mundo imperfeito
Façamos, melhor
Esse mundo imperfeito
Mundo imperfeito
Mundo imperfeito