Caçula do Patrão

Ary Teixeira

Eu sou muito feliz por ser vaqueiro
Me criei no sertão, pegando gado
Por um simples olhar de uma pequena
Eu fiquei para sempre apaixonado

Eu pensava que era brincadeira
De uma noite tão linda de fogueira
Sem querer, segurei na sua mão

Se eu contar, pouca gente acredita
Que essa jovem, tão meiga e tão bonita
É a filha mais nova do patrão

Quando são 5 horas da manhã
Penso em Deus, e pra luta me levanto
Corro à vista no pátio da fazenda
Vejo o gado malhado em todo canto

Eu, por ser da fazenda um bom vaqueiro
Vou de ponta de pé para o terreiro
Atendendo o recurso da paixão

Sem temer a carranca do pai dela
Da calçada, me escoro na janela
Dou um beijo na filha do patrão

No final de semana tem forró
Eu termino mais cedo o meu trabalho
Dou comida ao cavalo e prendo o gado
Guardo a sela, o gibão e o chocalho

Num horário marcado pra nós dois
Ela chega primeiro, e eu depois
E o encontro da gente é no salão

Invejosos, cochicham sem descanso
Comentando, na festa que eu só danço
Com a filha mais nova do patrão

O seu pai descobriu nosso namoro
Quem é pobre, com rico nunca pode
Ainda bem que na minha profissão
Não conheço um vaqueiro pra ser mole

Inventei de falar com o pai dela
E pedi para me casar com ela
E o velho, zangado, diz que não

Me botou da fazenda para fora
Dessa vez, eu vou ter que ir embora
Mas só vou com a filha do patrão

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